POLÍCIA NACIONAL
‘Rota Infinita’ chega ao fim
A empresa Rota Infinita, que se dedica à venda de jantes e pneus novos e usados, reabriu as suas portas esta segunda-feira, 13, por ordem dos juízes da Sala do Cível Administrativo do Tribunal Provincial da Huila, depois de ter sido encerrada pelos efectivos da Direcção Provincial da Polícia Económica.
Na audiência de leitura da sentença que foi realizada no passado dia 7 de Dezembro, ficou provado que os efectivos deste órgão do Ministério do Interior agiram de má fé e que não tinham nenhuma ordem judicial para procederem ao encerramento do estabelecimento comercial.
O conflito que envolvia a direcção da empresa e a Polícia Económica começou em Junho passado quando os efectivos desta instituição pública encerraram a loja situada no bairro João de Almeida, no Lubango, e apreenderam 1500 pneus, alegando terem sido contrabandeados, equipamentos de recauchutagem e um gerador de energia.
A denúncia de que os pneus não ofereciam segurança aos automobilistas foi feita por um dos familiares de um dos sócios da empresa que não se dignou em comparecer no Tribunal, alegadamente por se encontrar em Portugal por motivos de saúde. A proibição da venda destes produtos deveu-se a uma denúncia feita pelo vice-presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), Eliseu Gaspar, que teve como base supostas reclamações de clientes residentes naquela província. No documento de queixa constava que estes pneus são os principais causadores do elevado índice de sinistralidade no país e particularmente na Huíla.
Os pneus apreendidos só não foram incinerados porque os advogados de defesa da Rota Infinita entraram com um processo junto aos representantes da Procuradoria Geral da Republica na Huíla.
No relatório do Tribunal consta que os funcionários desta empresa só foram informados do plano com dois dias de antecedência, de forma verbal, pelos efectivos da Polícia Económica, sem a apresentação de um documento que legalizaria tal operação.
Os advogados de defesa da Rota Infinita cogitam a possibilidade de o seu cliente exigir uma indemnização ao Estado, pelo facto de os efectivos da Policia Económica na Huíla, chefiada pelo superintende Job de Almeida, terem agido em seu nome, tendo em conta os danos que a empresa teve durante os sete meses em que permaneceu encerrada.
O director da Polícia Económica na Huíla, superintende Job de Almeida, chegou a avançar a O PAÍS, noutra ocasião, que além dos pneus usados e novos, o Ministério Público também solicitou a apreensão de outros materiais que impedem a firma de prosseguir com os seus trabalhos de recauchutagem.
No seio da corporação, as opiniões divergiam no que toca a necessidade de se fazer uma peritagem aos pneus pelo facto de os próprios carros da Policia e de muitos dos seus oficiais superiores circularem com pneus adquiridos na loja encerrada.
Antes de chegarem ao mercado, os pneus são submetidos à BIVAC Internacional, uma subsidiária de Bureau Veritas, que é a empresa prestadora de serviços de inspecção pré-embarque autorizada pelo Governo angolano.